SÉRIE: (77)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - A fé de jesus - ULTIMA PARTE
Esta
série foi extraída do Livro de Urântia. Os 77 capítulos, mais de 700
páginas, que ocupam um terço do livro, dão dia a dia, toda a vida de
Jesus Cristo desde sua infância. Dão 16 vezes mais informações sobre a
vida e os ensinamentos de Jesus do que a Bíblia. É o relato mais
espiritual sobre Jesus até hoje escrito.
A FÉ DE JESUS
Jesus
possuía uma fé sublime, e de todo o coração, em Deus. Ele experimentou
os altos e baixos comuns da existência mortal, mas religiosamente
nunca duvidou da certeza da vigilância e do guiamento de Deus. A sua fé
era fruto do discernimento nascido da atividade da presença divina do
seu Ajustador residente. A sua fé não era nem tradicional nem meramente
intelectual; era totalmente pessoal e puramente espiritual.
O
Jesus humano via Deus como sendo santo, justo e grande, assim como
verdadeiro, belo e bom. Todos esses atributos da divindade, ele os
focalizava na sua mente como a “vontade do Pai no céu”. O Deus de Jesus era, ao mesmo tempo, “O Santo de Israel” e “O Pai vivo e amoroso do céu”.
O conceito de Deus, como um Pai, não foi original de Jesus, mas ele
exaltou e elevou essa idéia como uma experiência sublime, realizando uma
nova revelação de Deus e proclamando que todo ser mortal é um filho
desse Pai de amor, um filho de Deus.
Jesus
não se apegou à fé em Deus como o faria uma alma que se debate em luta
contra o universo, ou que se agarra à luta de morte contra um mundo
hostil e pecaminoso; ele não recorreu à fé meramente como uma
consolação em meio a dificuldades, ou como um conforto em meio à ameaça
do desespero; a fé não era apenas uma compensação ilusória para as
realidades desagradáveis e os sofrimentos da vida. Ao enfrentar todas
as dificuldades naturais e as contradições temporais da existência
mortal, ele experimentou a tranquilidade da confiança suprema e
inquestionável em Deus e desfrutou a imensa emoção de viver, pela fé,
na própria presença do Pai celeste. E essa fé triunfante foi uma
experiência viva de realização real do espírito. A grande contribuição
de Jesus para os valores da experiência humana não foi haver revelado
tantas idéias novas sobre o Pai no céu, mas foi mais por ele haver, tão
magnífica e humanamente, demonstrado um tipo novo e mais elevado de fé
viva em Deus. Nunca, em todos os mundos deste universo, na vida de
qualquer mortal, Deus tornou-se uma tão viva realidade como na
experiência humana de Jesus de Nazaré.
Na
vida do Mestre, em Urântia, este e todos os outros mundos da criação
local descobriram um tipo novo e mais elevado de religião, baseada em
relações espirituais pessoais com o Pai Universal e totalmente validada
pela autoridade suprema da experiência pessoal genuína. Essa fé viva
de Jesus era mais do que uma reflexão intelectual, e não era uma
meditação mística.
A
teologia pode fixar, formular, definir e dogmatizar a fé, mas, na vida
humana de Jesus, a fé era pessoal, viva, original, espontânea e
puramente espiritual. Essa fé não era uma reverência à tradição, nem
uma mera crença intelectual que ele mantinha como um credo sagrado, mas
era mais uma experiência sublime e uma convicção profunda, que o
mantinha em segurança. A sua fé era tão real e todo-inclusiva que
varreu para longe, absolutamente, quaisquer dúvidas espirituais e
destruiu efetivamente todos os desejos conflitantes. Nada foi capaz de
afastá-lo de ancorar-se espiritualmente nessa fé fervorosa, sublime e
destemida. Mesmo na derrota aparente ou nas fortes dores do
desapontamento e do desespero ameaçador, ele permaneceu calmamente na
presença divina, livre de medo e totalmente consciente da
invencibilidade espiritual. Jesus desfrutou da certeza revigorante da
posse de uma fé inflexível e, em cada uma das situações de provação,
demonstrou infalivelmente uma lealdade inquestionável à vontade do Pai. E
essa fé magnífica não se intimidou, mesmo diante da ameaça cruel e
esmagadora de uma morte ignominiosa.
Em
um gênio religioso, uma fé espiritual muito forte, com freqüência,
leva diretamente ao fanatismo desastroso, ao exagero do ego religioso,
mas não aconteceu assim com Jesus. Ele não foi afetado
desfavoravelmente, na sua vida prática, pela sua extraordinária fé e
pela realização espiritual, porque essa exaltação espiritual era uma
expressão totalmente inconsciente e espontânea, na sua alma, da sua
experiência pessoal com Deus.
A
fé espiritual ardente e indomável de Jesus nunca se tornou fanática,
pois nunca chegou a afetar os seus julgamentos intelectuais equilibrados
a respeito dos valores correspondentes das situações sociais,
econômicas e morais, práticas e comuns da vida. O Filho do Homem foi uma
personalidade humana esplendidamente unificada; foi um ser divino
perfeitamente dotado; e era também magnificamente coordenado, como
combinação de ser humano e divino, funcionando na Terra como uma
personalidade única. O Mestre sempre coordenava a fé da alma com o juízo
da sabedoria da experiência amadurecida. A fé pessoal, a esperança
espiritual e a devoção moral foram sempre correlacionadas em uma unidade
religiosa sem par de associação harmoniosa com a compreensão profunda
da realidade e da sacralidade de todas as lealdades humanas – a honra
pessoal, o amor familiar, a obrigação religiosa, o dever social e a
necessidade econômica.
A fé de Jesus visualizou todos os valores do espírito como sendo encontrados no Reino de Deus; e por isso ele disse: “Buscai primeiro o Reino do céu”. Jesus viu, na fraternidade avançada e ideal do Reino, a realização e o cumprimento da “vontade de Deus”. A essência mesma da oração que ele ensinou aos seus discípulos foi: “Que venha a nós o vosso Reino; que a vossa vontade seja feita”.
E assim, tendo concebido o Reino como consistindo na vontade de Deus,
ele devotou-se à causa da sua realização com um auto-esquecimento
espantoso e um entusiasmo incontido. Mas, durante toda a sua intensa
missão e na sua vida extraordinária, a fúria do fanático nunca esteve
presente, nem a insignificância, de fachada, do egotista religioso.
A
vida inteira do Mestre foi condicionada, consistentemente, por essa fé
viva, por essa experiência religiosa sublime. Essa atitude espiritual
dominou totalmente o seu pensamento e o seu sentimento, a sua crença e a
sua oração, o seu ensinamento e a sua pregação. Essa fé pessoal de um
filho, na certeza e na segurança do guiamento e da proteção do Pai
celeste, conferiu à sua vida única um dom profundo de realidade
espiritual. E ainda, a despeito dessa profunda consciência de relação
íntima com a divindade, esse galileu, esse Galileu de Deus, quando era
chamado de Bom Mestre, imediatamente dizia: “Por que me chamais de bom?” Quando
nós nos defrontamos com um auto-esquecimento tão esplêndido, começamos
a compreender como o Pai Universal achou possível manifestar, tão
plenamente, a Si próprio, nele e revelar-Se por meio dele aos mortais
dos reinos.
Jesus levou a
Deus, como homem deste reino, a maior de todas as oferendas: a
consagração e a dedicação da sua própria vontade ao serviço majestoso
de fazer a vontade divina. Jesus sempre interpretou, e de um modo
consistente, a religião, nos termos totais da vontade do Pai. Quando
estudardes a carreira do Mestre, no que diz respeito à prece ou a
qualquer outro aspecto da vida religiosa, não procureis tanto o que ele
ensinou, mas deveis procurar o que ele fez. Jesus nunca orou por dever
religioso. Para ele, a prece foi uma expressão sincera da atitude
espiritual, uma declaração de lealdade da alma, uma demonstração da
devoção pessoal, uma expressão da gratidão, um modo de evitar a tensão
emocional, uma prevenção para os conflitos, uma exaltação intelectiva,
um enobrecimento do desejo, uma demonstração da decisão moral, um
enriquecimento do pensamento, um revigoramento das inclinações mais
elevadas, uma consagração do impulso, um esclarecimento de pontos de
vista, uma declaração de fé, uma rendição transcendental da vontade,
uma afirmação sublime de confiança, uma revelação de coragem, uma
proclamação da descoberta, uma confissão de devoção suprema, uma
validação da consagração, uma técnica de ajustamento das dificuldades e
uma mobilização poderosa, dos poderes combinados da alma, para
suportar todas as tendências humanas de egoísmo, mal e pecado. Ele
viveu exatamente uma vida na prece e na consagração devotada a fazer a
vontade do seu Pai e terminou a sua vida de modo triunfante, exatamente
com uma dessas orações. O segredo da sua vida religiosa sem par foi
essa consciência da presença de Deus; e ele a alcançou por meio da
oração inteligente e da adoração sincera – de comunhão ininterrupta com
Deus – e não por indicações, vozes, visões, nem por práticas
religiosas extraordinárias.
Na
vida terrena de Jesus, a religião foi uma experiência viva, um
movimento direto e pessoal da reverência espiritual à prática da
retidão. A fé de Jesus deu frutos transcendentais do espírito divino. A
sua fé não era imatura e crédula como a de uma criança, mas, sob
muitos pontos de vista, ela assemelhou-se à confiança, sem suspeitas,
da mente infantil. Jesus confiou em Deus, do mesmo modo que uma criança
confia em um pai. Ele tinha uma profunda confiança no universo –
exatamente a confiança que uma criança tem no ambiente dos seus pais. A
fé de Jesus, uma fé de todo o coração, na bondade fundamental do
universo, em muito se assemelhou à confiança que a criança tem na
segurança no seu meio ambiente terreno. Ele dependeu do Pai celeste,
tal uma criança se apóia no seu pai terreno, e a sua fé fervorosa
nunca, nem por um momento, duvidou da certeza de que o Pai celeste
velava por ele. Ele não se perturbava seriamente com temores, dúvidas e
ceticismos. A descrença não inibiu a expressão livre e original da sua
vida. Ele combinou a coragem sólida e inteligente de um homem
amadurecido, com o otimismo sincero e crente de uma criança confiante. A
sua fé cresceu, alcançando um nível tão elevado de confiança que era
desprovida de temores.
A
fé de Jesus atingiu a pureza da confiança de uma criança. A sua fé fo
tão absoluta e desprovida de dúvidas que se fez sensível ao encanto do
contato com os companheiros e às maravilhas do universo. O seu senso de
dependência do divino foi tão completo e tão confiante, que trouxe a
alegria e a certeza de uma segurança pessoal absoluta. Não houve nada
de hesitante e simulado na sua experiência religiosa. Nessa
inteligência gigantesca de um homem adulto, a fé da criança reinou,
suprema, em todas as questões relacionadas à consciência religiosa. Não
é estranho que uma vez ele haja dito: “Se não vos tornardes como crianças pequenas, não entrareis no Reino”. Não obstante a fé de Jesus ser como a de uma criança, não era infantil em nenhum sentido.
Jesus
não exige que os seus discípulos acreditem nele, mas que eles
acreditem junto com ele, que acreditem na realidade do amor de Deus e,
com toda a confiança, que aceitem a certeza da segurança da filiação ao
Pai celeste. O Mestre deseja que todos os seus seguidores compartilhem
totalmente da sua fé transcendente. Jesus, de um modo muito tocante,
desafiou os seus seguidores, não apenas a acreditarem naquilo em que ele
acreditava, mas também a acreditarem como ele acreditava. Esta é a
significação plena da sua única e suprema exigência: “Siga-me”.
A
vida terrena de Jesus foi devotada a um grande propósito – fazer a
vontade do Pai, viver a vida humana, religiosamente e pela fé. A fé de
Jesus foi confiante como a de uma criança, mas sem a menor presunção.
Ele tomou decisões firmes e viris, enfrentou corajosamente múltiplas
decepções, suplantou com resolução dificuldades extraordinárias e
cumpriu inabalavelmente os rudes requisitos do dever. Foi necessária uma
vontade forte e uma confiança firme para acreditar no que Jesus
acreditava, e como ele acreditava.
1. JESUS – O HOMEM
A
devoção de Jesus à vontade do Pai, e ao serviço do homem, representou
mais do que a decisão mortal e a determinação humana; foi uma
consagração, de todo o seu coração, à outorga de um amor sem reservas.
Não importa quão grande seja o fato da soberania de Michael, vós não
deveis privar os homens do Jesus humano. O Mestre ascendeu ao alto como
um homem, tanto quanto um Deus; ele pertence aos homens; e os homens
pertencem a ele. Que pena que a própria religião fosse ser tão mal
interpretada a ponto de esconder dos mortais atribulados o Jesus humano!
Que as discussões sobre a humanidade ou sobre a divindade do Cristo
não obscureçam a verdade salvadora de que Jesus de Nazaré foi um homem
religioso que, pela fé, chegou a conhecer e a fazer a vontade de Deus;
ele foi o homem mais religioso que já viveu em Urântia.
Os
tempos amadureceram o suficiente, a ponto de se poder constatar a
ressurreição simbólica do Jesus humano, saindo do seu túmulo, dentre as
tradições teológicas e os dogmas religiosos de dezenove séculos. Jesus
de Nazaré não deve mais ser sacrificado, nem mesmo ao conceito
esplêndido do Cristo glorificado. Que serviço transcendente seria
prestado se, por intermédio dessa revelação, o Filho do Homem fosse
retirado do túmulo da teologia tradicional para ser apresentado como o
Jesus vivo, à igreja que leva o seu nome, e para todas as outras
religiões! Seguramente a irmandade cristã de crentes não hesitaria em
fazer os ajustes de fé, e de práticas de vida, que a capacitassem a
poder “seguir o”
Mestre na demonstração da sua vida verdadeira de devoção religiosa, a
fazer a vontade do seu Pai, e à consagração ao serviço desinteressado
dos homens. Será que aqueles que chamam a si de cristãos professos temem
criar uma irmandade auto-suficiente e de respeitabilidade social não
consagrada, será que temem o desajuste econômico egoísta? Acaso a
cristandade institucionalizada teme que a autoridade eclesiástica
tradicional esteja em perigo, ou mesmo que seja arruinada, se o Jesus da
Galiléia for restabelecido nas mentes e nas almas dos homens mortais,
como o ideal de vida religiosa pessoal? Em verdade, os reajustes
sociais, as transformações econômicas, o rejuvenescimento moral e as
revisões religiosas da civilização cristã seriam drásticas e
revolucionárias se a religião viva de Jesus pudesse subitamente
suplantar a religião teológica sobre Jesus.
“Seguir Jesus” significa
compartilhar pessoalmente a fé religiosa dele e entrar no espírito da
vida do Mestre, consagrada ao serviço desinteressado dos homens. Uma
das coisas mais importantes, na vida humana, é encontrar aquilo em que
Jesus acreditava, é descobrir os seus ideais e lutar para a realização
do seu propósito elevado de vida. De todo o conhecimento humano, o que é
de maior valor é poder conhecer a vida religiosa de Jesus e como ele
viveu-a.
O povo comum
ouviu Jesus com alegria, e será de novo sensível à apresentação da sua
vida humana sincera de motivação religiosa consagrada, se essas
verdades forem novamente proclamadas ao mundo. O povo ouvia-o com
alegria porque ele era um deles, um leigo despretensioso; o maior de
todos os instrutores religiosos foi, em verdade, um leigo.
Não
deveria ser a meta dos crentes do Reino imitar literalmente os
aspectos exteriores da vida de Jesus na carne, mas sim compartilhar a
sua fé; confiar em Deus como ele confiou em Deus e acreditar nos homens
como ele acreditou nos homens. Jesus nunca discutiu, fosse sobre a
paternidade de Deus, fosse sobre a irmandade dos homens; ele foi uma
ilustração viva da primeira, e uma comprovação profunda da segunda.
Exatamente
como os homens devem progredir, da consciência do humano à compreensão
e realização do divino, assim Jesus ascendeu, desde a natureza de
homem à consciência da natureza de Deus. E o Mestre fez essa grande
ascensão, do humano ao divino, por meio da realização conjunta da fé do
seu intelecto mortal e dos atos do seu Ajustador residente. A
compreensão factual do alcançar da totalidade da divindade (ao mesmo
tempo plenamente consciente da realidade da sua humanidade) foi
acompanhada de sete estágios de consciência da fé de divinização
progressiva. Esses estágios de auto-realização progressiva ficaram
marcados pelos acontecimentos extraordinários seguintes, na experiência
de auto-outorga do Mestre:
1. A chegada do Ajustador do Pensamento.
2. O mensageiro de Emanuel, que apareceu para ele em Jerusalém quando ele tinha cerca de doze anos de idade.
3. As manifestações que acompanharam o seu batismo.
4. As experiências no monte da Transfiguração.
5. A ressurreição moroncial.
6. A ascensão espiritual.
7. O abraço final do Pai do Paraíso, conferindo-lhe a soberania ilimitada do seu universo.
2. A RELIGIÃO DE JESUS
Algum
dia, uma reforma na igreja cristã poderia causar um impacto
suficientemente profundo de retomada dos ensinamentos religiosos
inalterados de Jesus, o autor, a fonte e a realização da nossa fé. Vós
podeis pregar uma religião sobre Jesus, mas, por força, vós deveis viver
a religião de Jesus. No entusiasmo de Pentecostes, Pedro inaugurou
involuntariamente uma nova religião, a religião do Cristo ressuscitado e
glorificado. Mais tarde, o apóstolo Paulo transformou esse novo
evangelho no cristianismo, uma religião que incorporava as suas próprias
visões teológicas e que retratava a sua própria experiência pessoal
com o Jesus da estrada de Damasco. A boa-nova do evangelho do Reino
fundamenta-se na experiência religiosa pessoal do Jesus da Galiléia; o
cristianismo baseia-se quase que exclusivamente na experiência religiosa
pessoal do apóstolo Paulo. A quase totalidade do Novo Testamento é
devotada, não a retratar a vida religiosa, significativa e inspiradora,
de Jesus, mas a uma discussão da experiência religiosa de Paulo e a um
retrato das suas convicções religiosas pessoais. As únicas exceções
notáveis, dentro dessa afirmação, afora certas partes de Mateus, de
Marcos e de Lucas, são o Livro dos Hebreus e a Epístola de Tiago. Mesmo
Pedro, nos seus escritos, apenas uma vez reflete a vida pessoal
religiosa do seu Mestre. O Novo Testamento pode ser um documento cristão
esplêndido, mas é um documento que pouco tem de Jesus.
A
vida de Jesus na carne retrata um crescimento religioso transcendente,
desde as idéias iniciais do pavor primitivo e da reverência humana,
passando por anos de comunhão espiritual pessoal, até que ele
finalmente chegue àquele estado avançado e elevado de consciência da
sua unidade com o Pai. E assim, em uma curta vida, Jesus passou por
aquela experiência religiosa de progresso espiritual que o homem
começa, na Terra, e que comumente completa apenas ao concluir a sua
longa permanência nas escolas de aprendizado espiritual, nos níveis
sucessivos da sua carreira pré-paradisíaca. Jesus progrediu, partindo
de uma consciência puramente humana, das certezas da fé da experiência
religiosa pessoal, até as alturas espirituais sublimes da realização
efetiva da sua natureza divina e, daí, para a consciência da sua
associação íntima com o Pai Universal, a fim de dirigir um universo.
Ele progrediu do status humilde, de dependência mortal, que o levou
espontaneamente a dizer àquele que o chamou de Bom Mestre: “Por que me chamais de bom? Ninguém é bom a não ser Deus”, até aquele estado sublime de consciência, da divindade realizada que o levou a exclamar: “Qual dentre vós me sentencia de haver pecado?”
E essa ascensão progressiva, do humano ao divino, foi uma realização
exclusivamente mortal. E quando havia alcançado a divindade, assim, ele
era ainda o mesmo Jesus humano, o Filho do Homem, tanto quanto o Filho
de Deus.
Marcos, Mateus e
Lucas guardam alguma coisa do quadro do Jesus humano lançando-se na
luta magnífica para determinar a vontade divina e para cumprir essa
vontade. João apresenta um quadro do Jesus triunfante, caminhando na
Terra, na consciência plena da divindade. O grande erro, cometido por
aqueles que estudaram a vida do Mestre, é que alguns o conceberam como
inteiramente humano, enquanto outros o consideraram apenas como divino.
Durante toda a sua experiência ele foi, em verdade, tanto humano
quanto divino; como ainda agora o é.
Mas
o maior erro cometido consta de que, enquanto ficou reconhecido que o
Jesus humano possuía uma religião, o Jesus divino (Cristo)
transformou-se em uma religião, quase que da noite para o dia. O
cristianismo, de Paulo, assegurou a adoração do Cristo divino, mas quase
totalmente perdeu de vista o valente Jesus da Galiléia, humano, que
lutou pelo valor da sua fé religiosa pessoal, e o heroísmo do seu
Ajustador residente, que ascendeu do nível inferior da humanidade para
tornar-se um com a divindade, transfornando-se, assim, no novo caminho
vivo pelo qual todos os mortais podem ascender, dessa forma, da
humanidade à divindade. Os mortais, em todos os estágios de
espiritualidade e em todos os mundos, podem encontrar, na vida pessoal
de Jesus, tudo que os fortalecerá e inspirará, no seu progresso do nível
espiritual mais baixo, até os valores divinos mais elevados, do começo
ao fim de toda a experiência religiosa pessoal.
Na
época em que foi escrito o Novo Testamento, os autores não apenas
acreditavam muito profundamente na divindade do Cristo ressuscitado,
também acreditavam, devota e sinceramente, no seu retorno imediato à
Terra, para consumar o Reino celeste. Essa fé fortalecida no retorno
imediato do Senhor teve muito a ver com a tendência de omitir, dos
registros, aquelas referências que retratavam as experiências e os
atributos puramente humanos do Mestre. Todo o movimento cristão teve a
tendência de afastar-se do retrato humano de Jesus de Nazaré,
orientando-se para a exaltação do Cristo ressuscitado, o Senhor Jesus
Cristo glorificado, e que em breve retornaria.
Jesus
fundou a religião da experiência pessoal, ao fazer a vontade de Deus e
ao servir à irmandade humana; Paulo fundou uma religião, na qual o
Jesus glorificado tornou-se o objeto da adoração e a irmandade
consistiu dos irmãos que eram crentes do Cristo divino. Na dádiva
outorgada por Jesus, esses dois conceitos eram potenciais na sua vida
divina-humana e, em verdade, é uma pena que os seus seguidores não
houvessem conseguido criar uma religião unificada, que poderia ter dado
um reconhecimento próprio a ambas, à natureza humana e à natureza
divina do Mestre, tal como estavam inseparavelmente ligadas na sua vida
terrena e tão gloriosamente expostas no evangelho original do Reino.
Vós
não ficaríeis, nem chocados, nem perturbados pelos fortes
pronunciamentos de Jesus; e para isso basta que vos lembreis de que ele
foi o religioso mais devotado, e de todo o seu coração, em todo o
mundo. Ele era um mortal totalmente consagrado, dedicado, sem reservas,
a fazer a vontade do seu Pai. Muitas das suas afirmações,
aparentemente duras, eram mais como uma confissão pessoal de fé e uma
promessa de devoção, do que comandos dados para os seus seguidores. E
foi essa mesma singularidade de propósito, e de devoção não-egoísta,
que o capacitou a efetivar um progresso, tão extraordinário, na
conquista da mente humana, em uma vida tão curta. Muitas das suas
declarações deveriam ser consideradas como confissões do que ele exigia
de si próprio, em vez de uma exigência para todos os seus seguidores.
Na sua devoção à causa do Reino, Jesus queimou todas as pontes atrás de
si; ele sacrificou tudo o que pudesse ser um obstáculo para a
realização da vontade do seu Pai.
Jesus
abençoava os pobres, porque em geral eles eram sinceros e pios; ele
condenava os ricos, porque em geral eram devassos e irreligiosos. Ele
condenaria igualmente os pobres irreligiosos e louvaria os ricos
consagrados e pios.
Jesus
fez os homens sentirem-se, no mundo, como se estivessem em casa; ele
os libertou do tabu escravizador e ensinou a eles que o mundo não é
fundamentalmente mau. Ele não almejou escapar da sua vida terrestre;
ele dominou uma técnica de fazer a vontade do Pai de um modo aceitável,
enquanto na carne. Ele atingiu uma vida religiosa idealista, em meio,
mesmo, a um mundo realista. Jesus não partilhou da visão pessimista que
Paulo tinha da humanidade. O Mestre via os homens como filhos de Deus e
anteviu um futuro magnífico e eterno para aqueles que escolhiam
sobreviver. Ele não foi um cético moral; ele via o homem positivamente,
não negativamente. Ele via a maioria dos homens como fracos, mais do
que como perversos, mais como perturbados do que depravados. Mas, não
importando o status deles, eram todos filhos de Deus e irmãos seus.
Ele
ensinou os homens a dar um elevado valor a si próprios, no tempo e na
eternidade. Por causa dessa estima elevada, que Jesus tinha pelos
homens, ele estava disposto a dedicar-se ao serviço ininterrupto da
humanidade. E foi esse infinito apreço ao finito, o que fez da regra de
ouro um fator vital na sua religião. Que mortal deixaria de se elevar
pela fé extraordinária que Jesus tinha nele?
Jesus
não propôs regras para o avanço social; a sua missão era religiosa; e a
religião é uma experiência exclusivamente individual. A última meta, e
de realização mais avançada da sociedade, não pode esperar nunca
transcender a fraternidade que Jesus ofereceu aos homens: baseando-a no
reconhecimento da paternidade de Deus. O ideal de toda a realização
social apenas pode ser cumprido com a vinda deste Reino divino.
3. A SUPREMACIA DA RELIGIÃO
A
experiência espiritual religiosa pessoal é uma solução eficiente para a
maior parte das dificuldades mortais; ela seleciona, avalia e ajusta
eficazmente todos os problemas humanos. A religião não remove, nem
destrói os problemas humanos, mas dissolve-os, absorve-os, ilumina-os e
transcende-os. A verdadeira religião unifica a personalidade,
preparando-a para ajustar efetivamente todas as exigências mortais. A fé
religiosa – o guiamento efetivo da presença divina residente –
capacita, infalivelmente, o homem sabedor de Deus a lançar uma ponte
sobre o abismo existente entre a lógica intelectual que reconhece a
Primeira Causa Universal como sendo um Isso, de um lado, e aquelas
afirmações efetivas da alma que declaram que essa Primeira Causa é Ele, o
Pai Universal do evangelho de Jesus, o Deus pessoal da salvação
humana.
Há apenas três
elementos na realidade universal: o fato, a idéia e a relação. A
consciência religiosa identifica essas realidades como ciência,
filosofia e verdade. A consciência filosófica estaria inclinada a ver
essas atividades como razão, sabedoria e fé – a realidade física, a
realidade intelectual e a realidade espiritual. O nosso hábito é
designar essas realidades como coisa, significado e valor.
A
compreensão progressiva da realidade é equivalente a uma aproximação
de Deus. A descoberta de Deus, a consciência da identidade com a
realidade, é equivalente à experiência do eu completo, da inteireza do
eu, da totalidade do eu. O experienciar da realidade total é a
compreensão-realização plena de Deus, a finalidade da experiência de
conhecer a Deus.
A
somatória total da vida humana é o conhecimento de que o homem é
educado pelo fato, enobrecido pela sabedoria e salvo – justificado –
pela fé religiosa.
A certeza
física consiste na lógica da ciência; a certeza moral, na sabedoria da
filosofia; a certeza espiritual, na verdade da experiência religiosa
autêntica.
A mente do
homem pode alcançar altos níveis de discernimento espiritual, e esferas
correspondentes de divindade de valores, porque ela não é totalmente
material. Há um núcleo espiritual na mente do homem – o Ajustador, de
presença divina. Há três evidências distintas de que esse espírito
reside na mente humana:
1.
A comunhão humanitária – o amor. A mente puramente animal pode ser
gregária por autoproteção, mas apenas o intelecto residido pelo espírito
é altruísta de um modo não-egoísta e ama incondicionalmente.
2.
A interpretação do universo – a sabedoria. Apenas a mente residida
pelo espírito pode compreender que o universo é amigável para com o
indivíduo.
3.
A avaliação espiritual da vida – a adoração. Apenas o homem residido
pelo espírito pode compreender-realizar a presença divina e buscar
atingir uma experiência mais plena a partir desse gosto antecipado de
divindade.
A mente
humana não cria valores reais; a experiência humana não gera o
discernimento universal. Quanto a esse discernimento, o reconhecimento
dos valores morais e o discernimento dos significados espirituais, tudo o
que a mente humana pode fazer é descobrir, reconhecer, interpretar e
escolher.
Os valores
morais do universo tornam-se uma posse intelectual, pelo exercício dos
três julgamentos básicos, ou escolhas, da mente mortal:
1. O autojulgamento – a escolha moral.
2. O julgamento social – a escolha ética.
3. O julgamento de Deus – a escolha religiosa.
Assim, parece que todo o progresso é efetuado por uma técnica conjunta de evolução revelacional.
Se
um amante divino não vivesse no homem, ele não poderia amar generosa e
espiritualmente. Se um intérprete não vivesse na mente do homem, ele
não poderia verdadeiramente compenetrar-se da unidade do universo. Se
um bom avaliador não residisse dentro do homem, ele possivelmente não
poderia apreciar os valores morais e reconhecer os significados
espirituais. E esse amante provém da fonte mesma do amor infinito;
aquele intérprete é uma parte da Unidade Universal; e o avaliador é
filho do Centro e Fonte de todos os valores absolutos da realidade
divina e eterna.
A
avaliação moral, daquilo que tem um significado religioso – o
discernimento espiritual –, denota a escolha do indivíduo entre o bem e
o mal, a verdade e o erro, o material e o espiritual, o humano e o
divino, o tempo e a eternidade. A sobrevivência humana é, em uma grande
medida, dependente da consagração da vontade humana à escolha daqueles
valores destacados por esse selecionador-de-valores-espirituais – o
intérprete e unificador residente. A experiência religiosa pessoal
consiste de duas fases: a descoberta, na mente humana, e a revelação do
espírito divino residente. Por meio de uma super-sofisticação ou como
resultado da conduta irreligiosa de pretensos religiosos, um homem, ou
mesmo uma geração de homens, pode escolher suspender os seus esforços
para descobrir o Deus que reside neles; eles podem deixar de progredir e
de alcançar a revelação divina. Mas tais atitudes, de não progressão
espiritual, não podem perdurar por muito tempo, por causa da presença e
da influência do Ajustador do Pensamento residente.
Essa
experiência profunda, com a realidade do residente divino, transcende,
para sempre, a rude técnica materialista das ciências físicas. Vós não
podeis colocar a alegria espiritual sob a observação de um
microscópio; vós não podeis pesar o amor em uma balança; vós não podeis
medir os valores morais; nem podeis estimar a qualidade da adoração
espiritual.
Os hebreus
possíam uma religião de sublimidade moral; os gregos fizeram evoluir uma
religião da beleza; Paulo e os seus confrades fundaram uma religião de
fé, de esperança e de caridade. Jesus revelou e exemplificou uma
religião de amor: a segurança no amor do Pai, com alegria e satisfação
conseqüentes de compartilhar esse amor no serviço da fraternidade
humana.
Toda vez que o
homem faz uma escolha moral de reflexão, ele experiencia imediatamente
uma nova invasão divina na sua alma. A escolha moral é parte da
religião, como motivo de resposta interna às condições externas. E essa
religião real não é uma experiência puramente subjetiva. Ela significa
o conjunto da subjetividade do indivíduo, empenhado em uma resposta
significativa e inteligente à objetividade total – o universo e o seu
Criador.
A experiência
extraordinária e transcendente de amar e de ser amado não é apenas uma
ilusão psíquica, porque é tão puramente subjetiva. A única realidade
verdadeiramente divina e objetiva, que é associada aos seres mortais, o
Ajustador do Pensamento, funciona para a observação humana,
aparentemente, como um fenômeno exclusivamente subjetivo. O contato do
homem com a realidade objetiva mais elevada, Deus, dá-se apenas por
intermédio da experiência puramente subjetiva de conhecê-Lo, de
adorá-Lo, de realizar a filiação a Ele.
A
verdadeira adoração religiosa não é um monólogo fútil de
auto-enganação. A adoração é uma comunicação pessoal com o que é
divinamente real, com aquilo que é a fonte mesma da realidade. Por
intermédio da adoração, o homem aspira a ser melhor e por meio dela
finalmente ele alcança o melhor.
A
idealização da verdade, da beleza e da bondade, e o serviço prestado a
elas, não é um substituto para a experiência religiosa genuína – a
realidade espiritual. A psicologia e o idealismo não equivalem à
realidade religiosa. As projeções feitas pelo intelecto humano podem de
fato originar deuses falsos – deuses à imagem do homem –, mas a
verdadeira consciência de Deus não tem tal origem. A consciência de
Deus habita em nós, na presença do espírito residente. Muitos dos
sistemas religiosos do homem vêm de formulações do intelecto humano,
mas a consciência de Deus não vem necessariamente como uma parte de
sistemas grotescos de escravidão religiosa.
Deus
não é uma mera invenção do idealismo do homem; Ele é a fonte mesma de
todos os discernimentos e valores supra-animais. Deus não é uma
hipótese formulada para unificar os conceitos humanos da verdade, da
beleza e da bondade; Ele é a personalidade de amor, de Quem se derivam
todas essas manifestações do universo. A verdade, a beleza e a bondade
no mundo do homem são unificadas pela espiritualidade crescente da
experiência dos mortais que ascendem às realidades do Paraíso. A
unidade na verdade, na beleza e na bondade só pode ser realizada na
experiência espiritual da personalidade conhecedora de Deus.
A
moralidade é o solo preexistente essencial, da consciência pessoal de
Deus; é a realização pessoal da presença interna do Ajustador, mas essa
moralidade não é, nem a fonte da experiência religiosa, nem o
discernimento espiritual resultante. A natureza moral é supra-animal,
mas é subespiritual. A moralidade é equivalente ao reconhecimento do
dever, à compreensão-realização da existência do certo e do errado. A
zona moral que se interpõe entre o tipo de mente animal e os tipos
humanos de mente, como a moroncial, funciona entre a esfera material e a
espiritual de realização da personalidade.
A
mente evolucionária é capaz de descobrir a lei, a moral e a ética; mas
o espírito outorgado, o Ajustador residente, revela, à mente humana em
evolução, o provedor da lei, o Pai-fonte de tudo o que é verdadeiro,
belo e bom; e um homem, assim iluminado, tem uma religião e está
espiritualmente equipado para começar a longa e aventurosa busca de
Deus.
A moralidade não é
necessariamente espiritual; ela pode ser pura e integralmente humana;
se bem que a verdadeira religião acentue todos os valores morais,
tornando-os mais significativos. A moralidade sem religião não consegue
revelar a bondade última, e também não consegue assegurar a
sobrevivência; nem a dos seus próprios valores morais. A religião
assegura a elevação, a glorificação, e a sobrevivência de tudo o que a
moralidade reconhece e aprova.
A
religião está acima da ciência, da arte, da filosofia, da ética e da
moral, mas sem ser independente delas. E estão, todas estas,
indissoluvelmente inter-relacionadas na experiência humana, pessoal e
social. A religião é a suprema experiência do homem, enquanto ele
permanece na sua natureza mortal; mas a linguagem finita torna, para
sempre, impossível à teologia retratar adequadamente a experiência
religiosa verdadeira.
O
discernimento religioso possui o poder de transformar a derrota em
desejos mais elevados e em novas determinações. O amor é a mais elevada
motivação que o homem pode utilizar na sua ascensão no universo. Mas o
amor, despojado da verdade, da beleza e da bondade, é um sentimento
apenas, uma distorção filosófica, uma ilusão psíquica, um engano
espiritual. O amor deve ser sempre redefinido em níveis sucessivos de
progressão moroncial e de progressão espiritual.
A
arte resulta da tentativa do homem de escapar da falta de beleza no
seu meio ambiente material; é um gesto na direção do nível moroncial. A
ciência é o esforço do homem para resolver os enigmas aparentes do
universo material. A filosofia é uma tentativa do homem de unificar a
experiência humana. A religião é o gesto supremo do homem, o seu
magnífico movimento, na tentativa de alcançar a realidade final, na sua
determinação de encontrar Deus e de ser como Ele.
No
domínio da experiência religiosa, a possibilidade espiritual é uma
realidade potencial. O impulso espiritual que leva o homem a avançar
não é uma ilusão psíquica. Pode ser que nem toda a fantasia do homem
sobre o universo seja um fato, mas muito nela é verdadeiro.
A
vida de alguns homens é grande e demasiadamente nobre para se abaixar
ao nível de um sucesso conquistado. O animal deve adaptar-se ao meio
ambiente, mas o homem religioso transcende o seu ambiente e, desse
modo, escapa das limitações do mundo material presente, por meio desse
discernimento do amor divino. Esse conceito de amor gera, na alma do
homem, aquele esforço supra-animal para encontrar a verdade, a beleza e
a bondade; e quando as encontra, ele é glorificado no abraço delas; e é
consumido pelo desejo de vivê-las e cumpri-las segundo a retidão.
Não
vos desencorajeis; a evolução humana ainda está em progresso, e a
revelação de Deus ao mundo, em Jesus e através de Jesus, não deixará de
acontecer.
O
grande desafio ao homem moderno é realizar uma comunicação melhor com o
Monitor divino que reside dentro da mente humana. A maior aventura do
homem na carne consiste no esforço, bem equilibrado e sadio, de
ultrapassar as fronteiras da autoconsciência penetrando nos domínios
imprecisos da consciência embrionária da alma, em um esforço, de todo o
seu coração, para alcançar a região fronteiriça da consciência do
espírito – esse, o contato com a divina presença. Essa experiência
constitui a consciência de Deus, uma experiência que confirma, de um
modo poderoso, a verdade preexistente da experiência religiosa de
conhecer a Deus. Uma consciência tal, do espírito, é equivalente ao
conhecimento da factualidade da filiação a Deus. De qualquer outro modo,
a certeza da filiação é uma experiência de fé.
E
a consciência de Deus é equivalente à integração do eu com o universo,
nos seus níveis mais elevados de realidade espiritual. Apenas o
conteúdo espiritual, de qualquer valor, é imperecível. Aquilo que é
mesmo verdadeiro, belo e bom não pode perecer, pois, na experiência
humana. Se o homem escolher a não-sobrevivência, então o Ajustador
sobrevivente conservará, consigo, aquelas realidades nascidas do amor e
nutridas pelo serviço. E todas essas coisas são uma parte do Pai
Universal. O Pai é amor vivo, e a vida do Pai está nos seus Filhos. E o
espírito do Pai está nos filhos dos seus Filhos – os homens mortais.
Quando tudo estiver dito e feito, a idéia de um Pai será ainda o
conceito humano mais elevado de Deus.
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